segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Convivência social e segurança pública

Muito se tem reivindicado a respeito da maior atenção do Poder Público para os serviços de segurança pública. "Mais policiais, mais punições, mais vigilância..." Entretanto, poucos sabem que a "segurança pública" não se limita às medidas relacionadas.
Mais policiamento representa mais repressão, o que, de certa forma, atenta contra algumas garantias constitucionalmente asseguradas; mais punições não resulta, necessariamente, em solução para o grave problema social destacado, principalmente que, conforme se verá, a violência não tem origem, necessariamente, em atos criminosos. Então, o que fazer? Eis aí uma indagação de crucial importância para a solução das questões afetas à segurança pública.
Importa, então, anunciar uma das razões para a explosão de violência (em todas as suas variadas manifestações...) que temos assistido nos últimos tempos: a absoluta falta de EDUCAÇÃO! E não se trata, tão somente, de "educação" no sentido acadêmico (escolar), mas da educação relativa às regras de boa convivência social; aquela decorrente da necessidade de observância das regras mínimas de civilidade.
É verdade que não se pode resumir a questão da violência à "falta de educação", como se em outras sociedades teoricamente mais "civilizadas", a violência não existisse. Mas, também não se pode desconhecer que "lá", a violência não campeia como se tem assistido em nossa triste e cotidiana realidade tupiniquim...
Este "redator", por exemplo, tem assistido, cotidianamente, as mais prosaicas manifestações da mais incontida "ausência de educação e/ou percepção do que seja 'viver em sociedade'". Imagine o leitor, que, quase todos os dias, às 7:00 horas da manhã, um motoqueiro simplesmente buzina sua "possante máquina de 125 cilindradas" na porta do edifício... Sem comentários, né?... Eis aí o gérmen da violência... Não que este redator tenha cogitado agir com violência contra o aludido "sociopata motorizado", mas, também, não se pode ignorar que outrem o possa fazer, desde que submetido a idênticas condições de "temperatura e pressão"...
Nossa sociedade como um todo, precisa repensar a necessidade da consciência coletiva, inclusive exigindo a observância daquelas que se constituem nas regras básicas de boa convivência social, até mesmo para exigir de nossas autoridades regularmente constituídas, a adoção de medidas eficazes contra comportamentos que, indubitavelmente, comprometem a "paz social", um dos objetivos fundamentais do Estado de Direito.
Contraditoriamente ao que se reivindica, não se percebe qualquer política administrativa no sentido de fiscalizar comportamentos que, num primeiro momento, limitam-se a representar "ausência de educação" ou "falta de noção do que signifique viver em sociedade", mas, que, invariavelmente, resultam nas mais diversas manifestações de violência (de meras discussões a atos extremos como, até mesmo, agressões físicas ou homicídios). Quem já não se viu obrigado a ligar para a polícia, para solicitar "atendimento" contra um vizinho que se julga no direito de ouvir seu potente aparelho de som? E no último volume (afinal, o "entusiasmado" vizinho precisa anunciar sua mais recente "conquista tecnológica")? Quem já não deparou com um tranqüilo motorista, que, ao meio-dia, pára seu "lindo automóvel" em fila dupla numa movimentada rua do centro de uma grande metrópole? E aquele "civilizado cidadão" que, atencioso, atende seu telefone no meio de uma sessão de cinema? A lista de "exemplos" é verdadeiramente extensa...
Bom, mas desde que a violência exploda (homicídios ou outros atos extremos), as autoridades aparecem, né?... Nem que seja para concederem entrevistas aos jornais, meios de comunicação que, em última instância, são os "olhos" da opinião pública... E, para as autoridades, "opinião pública" é sinônimo de "voto"!...
Enquanto isso, vários brasileiros continuam como vítimas das mais diversas manifestações de violência. Algumas perfeitamente evitáveis... Que o digam os familiares de um empresário paulista, morto neste último final de semana na porta de uma padaria após uma banal discussão por um motivo absolutamente irrelevante, infelizmente lastreado na "falta de educação" de alguém... E não custa nada lembrar: educação social implica, necessariamente, em "respeito" aos interesses e à individualidade alheia...

2 comentários:

  1. Parabéns pelo Blog e matéria Ricardo. Precisamos questionar cada vez mais nosso quadro atual em busca de constante melhora, contamos com sua participação conforme conversamos. Grande abraço. Gerson - gerson@twi.com.br

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  2. Parabéns pelo Blog, Ricardo.
    Desejo-lhe muita saúde, paz e alegria para continuar a concretizar essa obra há tanto tempo e carinhosamente arquitetada.
    Um grande abraço.
    Marco Túlio.

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