quarta-feira, 16 de março de 2011

Sobre o Tempo

No mundo conturbado em que vivemos, cada vez mais o tempo se apresenta como algo extremamente valioso, porquanto condiciona nosso próprio cotidiano. E assim, à medida em que a vida moderna vai se desenvolvendo, as pessoas se vêem, progressivamente, menos dispostas a atividades que impliquem no dispêndio de algum tempo. O tempo vai se constituíndo, então, numa "moeda valiosa", sem que as pessoas se dêem conta de que o tempo é imprescindível à própria experiência existencial.
Então, valemo-nos desta via para trasmitir uma notável reflexão filosófica do grande Santo Agostinho que, na obra "Confissões", nos apresenta o belo texto que segue transcrito:
"O que é realmente o tempo? Quem poderia explicá-lo de modo fácil e breve? Quem poderia captar o seu conceito, para exprimi-lo em palavras? No entanto, que assunto mais familiar e mais conhecido em nossas conversações? Sem dúvida, nós o compreendemos quando dele falamos, e compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. Por conseguinte, o que é tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei. No entanto, posso dizer com segurança que não existiria um tempo passado, se nada passasse; e não existiria um tempo futuro, se nada devesse vir; e não haveria o tempo presente se nada existisse. De que modo existem esses dois tempos - passado e futuro -, uma vez que o passado não mais existe e o futuro ainda não existe? E quanto ao presente, se permanecesse sempre presente e não se tornasse passado, não seria mais tempo, mas eternidade. Portanto se o presente, para ser tempo, deve se tornar passado, como poderemos dizer que existe, uma vez que a sua razão de ser é a mesma pela qual deixará de existir? Daí não podermos falar verdadeiramente da existência do tempo, senão enquanto tende a não existir."
Graaande Santo Agostinho...