quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Consciência Social (viver em sociedade)

É curioso..., boa parte das pessoas realmente não tem a devida noção do que é viver em sociedade. Certas pessoas são a síntese do egoísmo, do mundo essencialmente individualista, como se tudo o que extrapolasse a esfera do interesse pessoal devesse ser imediatamente ignorado ou, quando menos, relegado a um plano manifestamente secundário...
Ainda numa destas últimas madrugadas, deparei-me com um exemplo eloqüente do que é a mais indisfarçável inconsciência dos interesses e direitos que permeiam a convivência coletiva. Moro em Belo Horizonte e, em meu bairro (mais precisamente no edifício vizinho), e pude testemunhar uma das mais constrangedoras demonstrações de completa falta de senso de coletividade (ou, mais correto, sociabilidade). É a ausência da auto-limitação social assumindo contornos de realidade!...
Vejam vocês, que uma respeitável senhora, ao chegar em sua casa, deparou com um automóvel impedindo a entrada de seu veículo na área de garagem do edifício onde morava... Não titubeou: lascou a mão na buzina, a fim de despertar o esquivo cidadão cujo automóvel "definia" o encerramento de sua "noitada"... E ela conseguiu... Ainda que não se possa garantir o despertar do lesmento e folgado "cidadão cumpridor de seus deveres", "nossa educada senhora" verdadeiramente despertou um "universo" maior de pessoas do que inicialmente imaginava... Detalhe significativo: eram mais de 2:00 horas da madrugada!... Na verdade, "nossa protagonista" agiu como aquele soldado que, ao tentar matar o "elemento" inimigo, atira uma bomba e extermina 5000 pobres inocentes (mas, nesse exemplo, apesar do massacre, o "inimigo" morre, o que não pode ser dito do "entrave" de nossa protagonista)... É..., assim algumas pessoas pensam para contornar os próprios contratempos, vêem o medicamento como a solução para as suas moléstias, sem se importarem com os efeitos colaterais. E, se os efeitos colaterais implicarem em atentados a interesses maiores, sem problemas, desde que seja na esfera alheia...
Será que essa "nobre senhora", em momento algum imaginou que na "miserável" vizinhança não residia um "infeliz" médico (com cirurgia marcada para a manhã seguinte), uma mãe com uma criança pequena (que, durante todo o dia, lhe exauriu as forças físicas e emocionais), um operador de máquinas (que precisa estar atento para não ferir a si e a terceiros, mas que no dia seguinte deverá estar em condições de enfrentar a própria jornada...), ou, enfim, qualquer pessoa que pudesse, de alguma forma, atuar, direta ou indiretamente, até mesmo na sua própria esfera de interesses?...
Mas, após todo o seu "estardalhaço" (disparar a buzina às 2:00 da madrugada, francamente...), a verdade é que a "civilizada senhora" foi agraciada com todo o repertório de "gentilezas" que a vizinhança, "eufórica", lhe endereçou... Naquele momento, qualquer xingamento constituía um verdadeiro desejo da "mais aboluta convicção pessoal"...
Bem, mas publicamente "repreendida", a "nobre senhora" reagiu (absolutamente confiante na própria justificativa...) com veemência: "Tenho que buzinar, pois não sei onde está o proprietário do veículo que me impede a passagem...". Bom, mas a verdade é que, sem saber onde se encontrava o inominável "proprietário automotivo", a distinta cidadã exterminou o descanso de toda a redondeza local... (e, talvez, até hoje acredite na correção da própria conduta...)
Esta foi a mais tonitruante demonstração de sincero e contundente desprezo pela individualidade alheia... A comentada "senhora" acreditou, mesmo, que sua conduta estava correta!... É dizer, diante do próprio contratempo, "que se danassem os demais", afinal, o que para ela importava era a localização do paradeiro de seu "desafeto". Os demais?... A coletividade?... Ah..., isso é (e continuará sendo, por um booom tempo...) apenas um detalhe... Um detalhe que, às vezes, atrapalha pessoas que pensam como essa senhora, que no dia seguinte, desfilará "sua elegância" pelos corredores de seu próprio núcleo social...
E a sociedade (coletividade) que absorva a liberdade individual e egoísta desse espécime tido por "elemento social"...
Mas, de uma coisa podemos nos assegurar, nossa ilustríssima protagonista eternizará o próprio comportamento social... Afinal, a filha, que nunca recebeu qualquer educação da mãe, que não a tem (meu pai já dizia: "filho, ninguém pode dar o que não tem..."), endossou, integralmente, toda a conduta da genitora (tem tudo para ser nossa próxima protagonista...)... Então, podemos dizer: a falta de educação é eterna ou, pelo menos, tem "prazo de validade" indeterminado!...

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